Brasil de Fato - Nomeação de Juscelino Filho para o Ministério das Comunicações é criticada por especialistas

Publicado: 29/12/2022

Em entrevista ao Brasil de Fato, Helena Martins e Bia Barbosa, integrantes do DiraCom e que participaram do grupo de trabalho de Comunicações da equipe de transição do governo Lula, analisam os problemas da indicação de Juscelino Filho para o Ministério das Comunicações. A área é elementar para as disputas políticas contemporâneas e por isso precisa de uma gestão estratégica, que corresponda às necessidades dos novos tempos.

“Nós desenhamos uma proposta de ministério que fosse absolutamente ligada à defesa da democracia", declarou Helena. “A escolha de um bolsonarista para o Ministério das Comunicações vai contra tudo isso e, mais uma vez, mostra como o PT e o próprio presidente Lula não compreenderam o debate da comunicação e como ela é fundamental para a discussão e a conquista da sociedade. Não adianta ganhar votos no Congresso e entregar a disputa da sociedade, para a qual a comunicação é fundamental, para o bolsonarismo. Isso é completamente inadequado com o que é a política no século XXI. Ela não se faz só nas arenas institucionais. Ela se faz nas redes, pela televisão, nas ruas”, exemplificou.

Para Bia Barbosa, a entrega da pasta pra um parlamentar que sequer era conhecido do presidente Lula 20 minutos antes de ser anunciado como ministro revela o quanto o futuro governo preza e entende a estratégia que essa agenda pode desempenhar. “Lamentavelmente, a gente vai ter mais uma gestão do ministério restrita a uma pauta cartorial e de distribuição de outorgas, com o risco ainda de essas outorgas serem distribuídas para aliados do União Brasil, incluindo aí políticos radiodifusores e igrejas, em vez de ser uma pasta que atue para fomentar a diversidade e a pluralidade nos meios da comunicação, para promover a inclusão digital, desenvolver políticas de enfrentamento ao fenômeno da desinformação e para lançar no Brasil um debate significativo em torno da necessidade e urgência de se regular as plataformas digitais", afirmou.